OS EQUIPAMENTOS QUE CARREGO NA MOCHILA
Antes de mais nada gostaria de deixar claro que apesar de considerar importante a aquisição de equipamentos para a captura fotográfica, o fato de apenas possuir câmeras, objetivas e acessórios "de ponta" não vai ajudar em nada no seu processo de evolução como fotógrafo. Antes disso a preocupação deve ser o domínio da exposição, o entendimento da luz, domínio das técnicas fotográficas e principalmente a composição, além de inúmeros outros fatores. Digamos que o equipamento seria apenas "a cereja do bolo".
Fiz esse texto, a pedido de amigos que já possuem o domínio das técnicas fotográficas ligadas a esse estilo fotográfico e também de diversas pessoas que tem curiosidade sobre esse assunto. Os motivos que me fizeram escolher os equipamentos Nikon será tema de um post no futuro mas cabe ressaltar que as principais marcas, como Canon e Sony possuem câmeras e lentes equivalentes as que serão mencionadas e vários dos demais acessórios podem ser utilizados em conjunto com qualquer outra marca.
Como fotógrafo de paisagens e Natureza, acredito que viajar o mais leve possível é muito importante. O equipamento pode ser ótimo, no entanto, carregar aquela lente extra que você acha que "deve" usar pode não parecer muito ao fazer as malas. No entanto esse pequeno aumento de peso pode torná-lo muito mais desagradável para você, caso tenha que carregá-lo nas costas ou no ombro por vários dias! Isso também pode fazer você pagar a mais por excesso de peso, ou pior ainda, equipamento quebrado pois você teve que despachar equipamentos com excesso de peso para o compartimento de carga do avião. Neste post, descrevi o equipamento que utilizo como minha configuração atual na maioria das viagens.

CÂMERA E LENTES
Câmera DSLR Nikon D810
Adquiri a D810, no início de 2021, em complemento à D750, levando em consideração a necessidade de manter mais um corpo de câmera como reserva.
Para algumas viagens fotográficas é arriscado manter somente uma câmera. Qualquer problema ocasionado descaracterizará uma viagem planejada para este fim. A decisão pela D810 teve muito a ver com o custo benefício e principalmente pelo fato de que ela pudesse complementar algumas oportunidades de melhoria da outra câmera. Costumo consultar o site DXOMARK e utilizá-lo como referência para novas aquisições. Surpreendeu-me o fato de, apesar de ser uma câmera com quase uma década, estar à época ranqueada como um dos melhores sensores do mercado. Como o preço de uma nova estava muito próximo a de outro corpo novo da D750, resolvi adotá-la como primeira câmera e não me arrependi.
O sensor full-frame Nikon com 36 Megapixels facilita a impressão de grandes imagens, trazendo um pouco mais de nitidez, além do fato de poder fazer “crops” maiores no pós-processamento, necessários em fotos da Lua ou de animais, por exemplo. O obturador um pouco mais silencioso facilitou também o registro de aves, por exemplo. Por fim, tive a sensação de uma leve melhoria na imagem, o que achava improvável, visto que já estava muito satisfeito com a qualidade da câmera anterior. A nitidez aumentou dando um salto de qualidade e potencializando a capacidade das minhas lentes, além de trazer ainda mais profundidade de cor às fotos. Por todos esses aspectos atualmente ela é minha câmera principal.
Câmera DSLR Nikon D750
Uma das câmeras mais populares e bem avaliadas já feitas pela Nikon, uma verdadeira lenda para fotógrafos de todas as especialidades. Atualmente é o único corpo de câmera profissional que carrego.
Em viagens mais longas e para locais, onde não é possível ter a mão uma câmera reserva em caso de necessidade, costumo adquirir provisoriamente uma câmera reserva, que costuma ser a D610. A D750 possui tudo que eu realmente preciso: sensor full frame 24MP, 51 pontos AF, corpo leve (para uma câmera FF), slots de cartão SD duplos (que é possível usar como backup).
Uma configuração DSLR mais “top” da Nikon seria a D850 ou D780 (recém lançada) em conjunto com as lentes 14-24 mm 2.8, 24-70 mm 2.8 e 70-200 mm 2.8 “a sagrada trindade”. Todas essas lentes são lendárias por si mesmas e oferecem qualidade de imagem incomparável com pouca luz e em um tripé. No entanto, a lente de 70-200mm sozinha pesa mais do que o corpo da D750 e uma lente de 24-120 mm acoplada! Para fotografia de paisagens, a abertura 2.8 não é tão necessária. Na maioria das vezes utilizo a abertura a partir de f/7.1 que produz resultados surpreendentes.
Outro fator é em relação ao tamanho dos arquivos RAW produzidos. Os 24 MP para mim são mais que necessários, até mesmo para grandes impressões, além de não sobrecarregarem e exigirem tanta capacidade de memória, com arquivos extremamente pesados produzidos por câmeras consideradas superiores. O tamanho do sensor, para quem quer produzir arquivos de alta qualidade é o mais importante. Minha primeira câmera full frame foi uma D610 e ela possui o sensor do mesmo tamanho de uma D850 que é cinco vezes mais cara.
Resolvi fazer um upgrade para uma D750 pelos seguintes motivos:
- Tela reclinável para composições feitas a partir de perspectivas muito baixas ou altas;
- Visualização do histograma no live view em tempo real, muito importante para alcançar a melhor exposição e utilizar a técnica do ETTR mais facilmente;
- Mais alternativas para utilização do bracketing, para fotos de alto alcance dinâmico;
- Intervalômetro acoplado;
- Longa duração da bateria.
Esses últimos cinco recursos ajudam muito para fotografar paisagens e são diferenciais entre as câmeras, que me motivaram a realizar a troca. Aí você pode me perguntar: Porque não uma câmera de sensor APS-C (cropado)? Bom, quando comecei a fotografar, minha primeira câmera foi a DSRL mais barata da Nikon a época, uma D3300. Sempre produziu imagens incríveis mas a diferença de tamanho no sensor, realizada com a troca para uma full-frame aumentou muito a qualidade das imagens em ambientes com pouca luz e alto alcance dinâmico, que notei principalmente por conta da redução de ruído nas sombras e partes mais escuras da foto. Isso motivou meu upgrade de sensor. Mas ainda assim as câmeras DSLR de entrada são uma ótima opção para quem tem interesse em ingressar no universo da fotografia de paisagens e natureza.

Lente Nikon 16-35mm F4G ED AF-S VR Zoom
Essa é considerada, se assim podemos dizer, a “segunda” lente zoom grande angular da Nikon, atrás da 14-24mm f/2.8. No entanto, a 16-35mm f / 4 oferece muitas vantagens em relação à 14-24mm. Para começar é bem mais barata. Produz imagens com qualidade e nitidez incríveis, que muitos especialistas comparam à própria 14-24mm!
Para fotografar paisagens essa talvez seja a melhor escolha. Não por acaso é a lente que mais utilizo quando saio para fotografar. A distorção é facilmente corrigida e a qualidade de construção está no mesmo nível de uma lente premium. A melhor lente para paisagens que possuo e não sairia de casa sem ela. As vantagens do 16-35mm em relação à 14-24mm são:
- Muito menos peso. 685g contra 1 kg da 14-24 mm;
- Aceita filtros de 77mm. O 14-24 mm requer sistemas de filtro caros e especiais devido ao formato oval e de grande diâmetro da lente;

Lente Nikon AF-S NIKKOR 24-120mm f / 4G ED VR
A distância focal desta lente combina perfeitamente com a de 16-35 mm. Cada distância focal que eu poderia precisar em 90% dos casos é coberta, e apenas com 2 lentes, pesando um total de 1,48 kg. A Nikon 24-70 mm 2,8 pesa 1,3 kg (2,8 lb) sozinha. Para um fotógrafo de viagens, essa redução de peso faz uma diferença brutal, que você pode não perceber de início mas já é facilmente sentida após alguns metros de caminhada ou trilha. Assim como minha lente zoom grande angular essa lente aceita filtros de 77mm, me dando a possibilidade de fazer fotos em longa exposição no range de 16-120mm com o mesmo conjunto de filtros. A qualidade de imagem é incrível e nesse sentido está em um nível idêntico à 16-35mm f/4. Para fotografar paisagens essas duas lentes são essenciais e se tivesse que levar somente duas, seriam essas. No caso de escolher apenas uma para uma viagem qualquer, sem dúvidas escolheria ela, pela versatilidade que oferece.

Lente Rokinon 14mm f/2.8
A lente clássica para fotografar paisagens com pouca luz. É considerada por canais especializados como sendo a melhor opção em custo benefício para astrofotografia. Já fiz fotos surreais com ela, até mesmo durante o dia, quando ainda não possuía a 16-35mm. Não consigo utilizar filtros de longa exposição acoplados mas a nitidez que ela possui é a melhor entre as minhas lentes. Não tem o custo tão alto também, o que a torna acessível. O foco dela é manual, o que pode ser problema para alguns. Para mim não é, visto que raramente utilizo foco automático, até mesmo entre as lentes que possuem esse recurso. Não tem aberração cromática e além de tudo é impressionante como não produz distorções, mesmo sendo tão grande angular. A adquiri nova, por encomenda e veio dos Estados Unidos. Na época não havia opção de compra por aqui, nem no Mercado Livre. Foi um pouco antes da minha viagem ao Deserto do Atacama em 2017.
Lente Tamron 100-400 mm f/4.5-6.3 Di VC USD
Essa é minha aquisição mais recente, também no início de 2021! Se havia uma oportunidade de melhoria imediata no meu setup, esse era o range que sempre desejei.
Minha teleobjetiva até então era a Nikon ED AF-S Nikkor 70-300mm F/4.5-5.6 G VR. Apesar de ter feito ótimas fotos com ela, algumas limitações me traziam essa vontade crescente de substituí-la. Para começar o range 70-300 numa full-frame limitava bastante a capacidade de fotografar animais a uma distância maior e a qualidade da imagem e nitidez produzidas eram claramente mais limitadas do que ao restante do meu conjunto de objetivas.
Essa lente foi uma decisão acertada. Seu foco é veloz e preciso. Além de melhorar muito as possibilidades para fotografar aves, por exemplo, passei a utilizar mais composições de paisagem com uso de teleobjetiva. As melhorias consideráveis em relação à lente anterior incluem o VR, de mais qualidade, que surpreende com fotos nítidas sem a necessidade de utilização de tripé ou monopé. O peso também é um grande benefício. Com aprox. 1,5 kg é ideal para fotógrafos de paisagem que precisam controlar o peso na mochila. Além desses aspectos, ganha também das concorrentes Sigma e Nikon em relação ao custo-benefício, tendo em vista que o preço não é tão elevado, levando em consideração o alcance e a qualidade proporcionada.

Lente Nikon AF 50 mm F / 1.8 FX
Raramente uso essa lente mas sempre a mantenho à mão para retratos, objetivos mais pessoais, portanto. Foi umas das primeiras que adquiri. Na época tinha um valor bem acessível, além de ser uma lente clássica para todos que gostam de fotografia. A utilizo às vezes para astrofotografia também e mesmo para paisagens, quando este não é o objetivo principal. Falando somente em nitidez é uma lente perfeita. A cinquentinha talvez seja a lente perfeita para todos os outros tipos de fotografia, que não seja de paisagem e vida selvagem.
ACESSÓRIOS
MindShift Gear Backlight - Mochila (36 L)
Essa é uma mochila impressionante para fotógrafos de paisagens e natureza. Uma mochila de ótima qualidade para carregar suas coisas é essencial. Nela não cabe apenas meu equipamento fotográfico, mas também meu notebook, cabos, garrafa de água, discos rígidos, lanches e até algumas peças de roupa. Em todos os vôos em que estive, ela coube embaixo do assento à frente, assim como em qualquer cabine superior. Eu tive algumas mochilas diferentes ao longo dos anos mas por ser tão versátil e resistente, pretendo ficar com ela durante vários anos. A qualidade de construção é típica dos produtos dessa marca alemã e ela possuiu recursos exclusivos, como a abertura pela parte de trás, opção ideal para se ter o equipamento em mãos em poucos segundos, quando for necessário, sem ter que tirar a mochila do corpo. Tem um suporte para carregar tripé, que é fantástico, o deixa bem preso na parte de trás, no meio da mochila, bem como eu gosto, pois não sobrecarrega nenhum dos lados. Tem ainda uma barrigueira e um peitoral para distribuir melhor o peso no corpo.
Tripé Benro Bat Fibra de Carbono Fbat24cvx25 com ballhead VX25
Adquiri esse tripé em substituição ao conjunto Tripé Benro FGP 28a + Ballhead B1, para uso como tripé principal. A versatilidade e a rapidez para montá-lo foram um dos motivos mas o peso talvez tenha sido o fator decisivo. A redução de peso sem a perda das capacidades de estabilidade são decorrentes do material utilizado na construção, a fibra de carbono. O anterior era de alumínio. Neste também há a possibilidade de inversão da coluna central, possibilitando fotos bem próximas ao chão. Para um tripé a estabilidade é essencial, principalmente em locais com muito vento e, nesse quesito, acredito que me atenderá muito bem.

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